Usina garante ao Sindicato Rural que vai pagar os produtores rurais

A Usina São Fernando vai pagar em dia as parcelas dos Contratos de Parceria de áreas que vencerem após a decretação da Falência e dará prioridade de pagamento aos contratos que estavam em vigor durante o período da Recuperação Judicial. A garantia foi dada pelo Administrador-Judicial da massa falida, Vinicius Coutinho, em reunião realizada anteontem com o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lúcio Damália, e com os diretores José Tarso Moro da Rosa e Paulo César Barbosa Vieira, além do advogado Joderly Dias do Prado Junior.

O Sindicato Rural de Dourados foi a primeira entidade a se reunir com o Administrador-Judicial da Usina São Fernando para discutir a situação da indústria de açúcar, álcool e energia elétrica. "A gente tem lido na imprensa que a Prefeitura de Dourados está atuando para manter a usina funcionando, que a Câmara Municipal de Dourados está se mobilizando para preservar os empregos, mas até o momento nem representantes da Prefeitura e nem da Câmara estiveram aqui na usina para discutir nada", ressaltou Vinicius Coutinho. "Vocês (Sindicato Rural) são a primeira entidade a demonstrar essa preocupação e buscar informação junto à administração da usina", completou.

Durante a reunião com a diretoria do Sindicato Rural de Dourados, o Administrador-Judicial se mostrou otimista com o futuro da Usina São Fernando. "Num primeiro momento decidimos manter uma moagem de 6 a 10 mil toneladas/dia, o que é suficiente para pagar as despesas da indústria, os salários dos 1.300 trabalhadores e os Contratos de Parceria vigentes com os produtores rurais", adiantou Vinicius Coutinho. "Por tudo isso, posso afirmar que a decisão do juiz Jonas Hass da Silva Júnior de decretar a Falência e manter a empresa em atividade, ao invés de lacrar tudo e paralisar, foi a mais acertada possível, já que preservou mais de 1.300 empregos diretos e manteve a usina produzindo, o que será fundamental no processo de venda da unidade", analisou. "Nossa meta é ficar na administração o menor tempo possível e acreditamos que até dezembro a São Fernando já esteja sob nova administração", completou.

Ao responder o questionamento feito por Tarso Moro da Rosa, o Administrador-Judicial disse que a prioridade é preservar os Contratos de Parceria com os produtores rurais. "A usina precisa do produtor para continuar produzindo e decidimos resgatar essa relação que ficou desgastada", afirmou. "Vamos pagar em dia as parcelas que vencerem após a decretação da Falência e estamos buscando formas de amortizar parcelas vencidas", explicou Vinicius Coutinho.

O advogado Rafael Vincensi, que auxilia juridicamente o administrador-judicial da Usina São Fernando, adiantou que em relação às áreas que não estão ocupadas com cana-de-açúcar mas que têm Contrato de Parceria vigente com a empresa, está sendo analisada a possibilidade de fazer uma cessão da área para que o proprietário cultive grãos sem que haja a necessidade de rompimento do contrato. "Romper qualquer contrato de arrendamento é ruim para a futura venda da usina, que já teve mais de 60 mil hectares de terra à disposição e hoje conta com pouco mais de 31 mil hectares", ressaltou o advogado.

Ele adiantou também que a Administração-Judicial da São Fernando está negociando com a Eletrobrás a volta do contrato de compra de energia elétrica. "Esse contrato foi perdido pela antiga diretoria da usina durante a Recuperação Judicial, por isso não estamos negociando energia elétrica", revelou. "Somente com o dinheiro da energia que produzimos poderíamos pagar os Contratos de Parceria", completou Rafael Vincensi.

Ao final da reunião, a diretoria do Sindicato Rural de Dourados recebeu do Administrador-Judicial a garantia que todo contrato com o produtor será tratado com transparência.

"O administrador da São Fernando assumiu o compromisso de receber todo produtor que procurar a usina para discutir o Contrato de Parceria e garantiu que vai priorizar os pagamentos das parcelas vincendas, o que significará um alívio para o produtor rural que está há muito tempo sem receber", afirmou Lúcio Damália.

"Estivemos aqui para defender o produtor e estamos saindo com a sensação que os direitos dos nossos associados serão respeitados na sua integralidade, mesmo porque recebemos a garantia que em caso de venda da Usina Fernando, o que já está em negociação, parte do dinheiro será usado para quitar as dívidas extraconcursais, ou seja, aquelas surgidas durante o período da Recuperação Judicial", finalizou Lúcio Damália.


Lúcio Damália, Tarso Moro, Joderly e Paulo Vieira, reunidos com o administrador-judicial e advogado Rafael Vincensi (Foto: Marcos Santos)

Anterior
Anterior

Sindicato Rural e Senar/MS realizam mais nove cursos em julho

Próximo
Próximo

Aprosoja/MS aponta ótima produtividade de milho em regiões de MS